Aneurismas são dilatações que se formam nas artérias, devido ao enfraquecimento das suas paredes. São problemas sérios de saúde porque qualquer ruptura da artéria afetada resulta em hemorragia interna grave e pode, portanto, ser fatal. Além disso, aneurismas podem causar a formação de coágulos e bloquear o fluxo sanguíneo.
A artéria mais comumente afetada por aneurismas é a aorta, a maior artéria do corpo humano. Ela leva sangue rico em oxigênio do coração para as demais partes do organismo. É chamada de aorta torácica no segmento que passa pelo tórax e de abdominal quando chega ao abdômen. Os aneurismas podem afetar as duas porções da aorta, além de outras artérias do corpo, mas o aneurisma de aorta abdominal é o tipo mais comum.
Atualmente, há duas formas disponíveis para o tratamento de aneurismas: o reparo aberto ou cirúrgico e o tratamento endovascular, com implante de endoprótese. A escolha do método mais apropriado para cada caso depende de vários fatores, como localização e formato do aneurisma e a condição geral de saúde do paciente (por exemplo, aneurismas sintomáticos, de tamanho significativo, que impõem risco à saúde de pacientes em bom estado clínico, normalmente são tratados pelo método aberto; já pacientes com fatores de risco para a realização de cirurgia aberta são bons candidatos ao tratamento endovascular). Além disso, nem todo aneurisma requer tratamento imediato. Em alguns casos, o médico pode recomendar apenas observação clínica, ou seja, o monitoramento periódico do aneurisma, a fim de detectar eventuais alterações.
Quando o AAA é pequeno (até aproximadamente 5 cm de diâmetro), o médico normalmente recomenda um período de observação de 6 meses, durante os quais o aneurisma é monitorado para verificar mudanças de tamanho. Em pacientes hipertensos, o médico pode prescrever medicamentos para controlar a pressão arterial e, consequentemente, baixar a pressão sanguínea na área afetada. Fumantes devem procurar ajuda para parar de fumar.
O cirurgião vascular pode recomendar a realização de uma cirurgia aberta para tratar AAAs sintomáticos com mais de 5 centímetros de diâmetro ou que tenham apresentado aumento durante o período de observação. Em alguns casos, a cirurgia pode ser indicada em aneurismas com diâmetro menor. A cirurgia pode ser eletiva (isto é, programada) ou de emergência (quando há risco ou presença de ruptura). Dores nas costas e no abdômen podem ser indicativas de que o aneurisma está prestes a romper.
Preparação
Primeiramente, o cirurgião fará uma entrevista detalhada com o paciente, incluindo aspectos como saúde geral (fumo, pressão arterial, etc.), história familiar e sintomas (quando e com que frequência acontecem). Paralelamente a essa entrevista, o médico realiza um exame clínico (pulsação aumentada da aorta abdominal e sopro à ausculta com o estetoscópio são indicativos de aneurisma). Em seguida, alguns exames são realizados para confirmar a presença do aneurisma, verificar seu tamanho e definir sua localização exata. Entre eles, é possível citar ecografia vascular com Doppler colorido, angiotomografia computadorizada, angiorressonância magnética e angiografia.
Paralelamente ao estudo do aneurisma é realizada uma avaliação clínica rigorosa do estado de saúde do paciente: avaliação cardiorrespiratória, função renal, função hepática, presença de diabetes, estudo das carótidas, avaliação da coagulação, entre outros.
Antes do procedimento, o cirurgião dará ao paciente instruções específicas conforme o caso, como, por exemplo, a necessidade de suspender ou manter medicamentos e o tipo de jejum (normalmente 8 horas) ou preparação que o paciente deve fazer.
Descrição do procedimento
A cirurgia convencional do AAA é um procedimento seguro e com resultado excelente. A operação dura em torno de 4 horas e é realizada com anestesia geral. Através de uma incisão no abdômen, o cirurgião expõe o aneurisma. A aorta é pinçada acima e abaixo para evitar sangramento. O aneurisma é aberto, coágulos e materiais ateromatosos do interior do aneurisma são removidos, e uma prótese tubular sintética é costurada acima e abaixo do aneurisma, substituindo o segmento arterial doente. As pinças são removidas e o fluxo de sangue é liberado para as pernas. O paciente fica hospitalizado por 5 a 7 dias.
Os aneurismas da aorta torácica podem ser corrigidos por esta mesma técnica.
Aneurismas menores que comprometem as artérias do membro inferior, como o aneurisma da artéria poplítea podem ser totalmente removidos e posteriormente substituídos por um enxerto feito de material sintético ou segmento de uma veia do próprio paciente.
Pós-operatório
O paciente submetido ao reparo cirúrgico de um AAA pode ficar hospitalizado por 5 a 7 dias, dependendo do seu quadro geral de saúde. Alguns casos podem necessitar de cuidados intensivos além das 24-48 horas após a cirurgia.
Ao receber alta, o paciente deverá seguir instruções específicas, como por exemplo, não levantar peso até que o local da incisão esteja completamente cicatrizado. Avaliações periódicas com o cirurgião vascular são importantes para avaliar o funcionamento correto do enxerto na aorta e as condições circulatórias do paciente.
A longo prazo, mudanças de estilo de vida são fundamentais para maximizar os efeitos da cirurgia. Alguns exemplos incluem: controlar a pressão arterial, diminuir os níveis de colesterol, manter uma dieta com baixos níveis de gordura, colesterol e calorias, fazer exercícios aeróbicos regularmente (por exemplo, caminhadas de 20 a 30 minutos 5 vezes por semana), manter o peso ideal e parar de fumar.
Complicações
Pacientes com problemas sérios de saúde associados a idade avançada têm maior chance de complicações durante o reparo cirúrgico de aneurismas. Outros fatores que aumentam as chances de complicações são citados a seguir: insuficiência cardíaca congestiva, diabetes, insuficiência renal, doença pulmonar obstrutiva crônica, história de ataque cardíaco ou doença arterial coronariana e dor frequente no peito (angina). Tais problemas de saúde devem ser avaliados e tratados antes da realização do procedimento.
Após o procedimento, o paciente pode apresentar complicações leves, como inchaço ou dor leve na incisão. Complicações mais sérias podem incluir problemas cardíacos, respiratórios, renais e da circulação do intestino grosso (cólon).
Tardiamente, podem ocorrer hérnias da parede abdominal, especialmente em pacientes obesos. Aderências intra-abdominais (bridas) e aneurisma na linha de sutura entre a prótese e a artéria normal também são complicações tardias, no entanto infrequentes.
Às vezes, a manipulação cirúrgica de um AAA pode resultar em cicatrizes que afetam os nervos que controlam a produção de sêmen e a ereção. Homens com função sexual normal antes do procedimento podem passar a apresentar dificuldades na ereção e ejaculação retrógrada (o sêmen é direcionado para a bexiga em vez de para fora, sendo expelido posteriormente, junto com a urina).
Um complicação grave, porém bastante rara, que pode ocorrer após o reparo cirúrgico de AAA é a paralisia da parte inferior do corpo devido à diminuição da circulação da medula.
Todas as complicações citadas são infrequentes em casos de cirurgia eletiva, porém a incidência aumenta em casos de cirurgias de emergência.
A cirurgia convencional do AAA é um procedimento seguro e com resultado excelente a longo prazo.